Manifestações no Brasil
As manifestações são um grande exercício de cidadania e fazem parte da
democracia. Todos tem direito de manifestar-se, seja no dia 13 ou 15 de março
ou qualquer dia que resolver paralisar para tornar públicas suas
reivindicações. O que sempre está em análise pelo conjunto da população são as
razões e motivações para manifestar-se. Se fosse para manifestar repúdio e
insatisfação pelas recentes descobertas de corrupção e para exigir uma grande
Reforma Política, eu também estaria nas ruas no dia 15 de março. Mas como a
motivação é Fora Dilma, tô fora!
O Brasil não resolve a corrupção que grassa nossas
instituições, poderes da república, empresas e governos com o Impeachment de
Dilma. Este é o caminho para não resolver nada e para deixar tudo como está. A
corrupção revela-se endêmica, sistemática e será enfrentada, de fato, quando os
brasileiros encararem a mesma como um dever cívico, mudando suas posturas
passivas e desafiando-se à vigilância e denúncia permanente e sistemática, em
todas as esferas em que ela possa ocorrer. Também exigindo que as investigações
possam prosseguir e os culpados sejam punidos com os rigores de nossas leis. Também
avançando em mecanismos de combate e controle, aumentando a transparência da
aplicação dos recursos que envolvem o dinheiro e os interesses coletivos da
nação.
Tenho
dúvidas se brasileiros tem esta consciência ou se já tomaram para si a
corrupção como um "problema suficientemente sério para ser levado a
sério". No meu modesto entendimento, temos hoje uma percepção maior dos
males que a corrupção nos causa, mas ainda disputamos o combate à corrupção
como uma bandeira ou plataforma de disputa do poder (dos que apóiam ou dos que
são contra o governo). Esta situação agrava ainda mais nossa descrença na
política e na democracia como formas de resolver e encaminhar os problemas da
coletividade (bem-comum).
O
debate, desta forma, está mal posto, dando margem à ideias errôneas de uma
crise generalizada de corrupção. Sou da opinião de que precisamos de um pacto,
cuja maior base é o bom senso: deixemos o Judiciário, o Executivo e o
Legislativo trabalhar no aperfeiçoamento do controle para o combate à
corrupção. Deixemos também a economia e a produção funcionarem neste país.
Não
sei a quem interessa paralisar o Brasil!
Nei Alberto Pies,
professor e ativista de direitos humanos
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