“Meu ideal político é a democracia, para
que todo homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado." (Albert
Einstein)
Se o bem maior da nossa sociedade é a democracia porque
pagamos tão caro por ela? Se a liberdade de expressão e comunicação é de tão
significativo valor, porque se impõem tantas dificuldades para a gente se
comunicar? Por que custam tanto as campanhas políticas se as mesmas visam
subsidiar nossas escolhas, tendo em vista diferentes projetos em disputa na
sociedade? Por que a democracia cobra seu preço? Quando chegaremos a concluir
que, para que a democracia aconteça, todos tem de pagar um preço?
É importante recordar que democracia, como outros tantos
valores da sociedade, nasceu do grego demo=povo e cracia=governo, ou seja, governo
do povo. Democracia é um sistema em que as pessoas de um país podem participar
da vida política. Esta participação pode ocorrer através de eleições,
plebiscitos e referendos. Numa democracia, as pessoas possuem liberdade de expressão
e podem manifestar suas opiniões. Por isso mesmo, embora com sentidos
distintos, política e democracia se complementam.
A democracia é a melhor forma de governo e de poder, mas
poucas pessoas fazem da política um instrumento de cidadania. Muitos preferem,
ou assim lhes foi ensinado, que política e democracia são um mero ritual de
escolha, através das eleições. Neste sentido, a política distanciou-se da vida
cotidiana e real; parece mais um espetáculo midiático a que nos submetemos a
cada dois anos em nosso país.
Ouso afirmar que nossa apatia política colabora muito
para elevar os custos e determinar a qualidade de nossa democracia. Como abrimos
mão de participar ativa e cotidianamente das decisões tomadas pelos políticos
envolvendo os destinos de nossas cidades – o que nos garantiria estar por dentro
dos processos -, acabamos submetidos aos espetáculos de marketing midiático. Dá
para imaginar como seria uma campanha sem o largo uso da mídia (rádios,
televisão, impressos,...)? Como conheceríamos as propostas e os candidatos que
se dispõem a nos representar?
A
consequência direta da participação efetiva e permanente das pessoas nas
questões que envolvem a política e a sociedade será a relativização dos
espetáculos midiáticos que envolvem as campanhas políticas, uma vez que não precisaremos
mais tanto deles para subsidiar nossas escolhas. A política e a democracia, com
participação, serão mais autênticas e mais fidedignas com a realidade. O preço
pela democracia é a nossa participação, não a nossa apatia!
Nei
Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos
(pies.neialberto@gmail.com)