De paciente paciência
“Ser feliz não é ter uma vida
perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para
refinar a paciência. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para
lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência”
(Augusto Cury)
Na condição de
“pacientes”, somos desafiados a compreender que a vida tem seu ritmo e seu tempo.
Não adianta reclamar, gritar, indignar-se. Fragilizados, a ação da qual
resultará a recuperação da saúde ou a reparação de um problema físico ou mental
não depende mais só da gente, mas depende da ação de outros. Ao “paciente”,
resta a confiança no trabalho dos profissionais da saúde. E ter esperança e
confiança, que se sustentam na “paciente paciência”.
O processo da vida caminha em ritmos e tempos
que requerem paciência e espera. Em casos como a doença, damos conta que
esperar pacientemente passa a ser um exercício e um aprendizado para
compreender como a própria existência se constitui e se elabora. Paciente só pode
ser sinônimo de paciência. A vida, esta sim, se elabora pacientemente.
A experiência
da paciente paciência nos revela aspectos da vida geralmente despercebidos; revela,
sobretudo, que todos somos frutos de investimentos afetivos. Revela que os
investimentos afetivos carregam as marcas do tempo e que desaprendemos a lidar
com a noção do tempo. Revela também que é preciso reconciliar-se com os outros
para praticar a solidariedade nos sofrimentos e nas alegrias, nas certezas e
nas dúvidas, na esperança e na desesperança.
Vivemos um momento
histórico que suprimiu a noção do tempo como um processo de construção de nossa
vida e de nossa personalidade. Somos permanentemente induzidos a agir sem
esperar, a não darmos tempo para amadurecer decisões, a não curtirmos a vida em
sua plenitude, a não dialogarmos com os outros antes de decidir, a nos
considerarmos sempre autosuficientes diante da vida e dos outros.
A paciente
paciência sugere reconhecermos nossa condição de seres frágeis e interdependentes. Paciência não é necessariamente atitude
passiva, mas virtude necessária para superarmos as adversidades que a vida nos
impõe. Através dela, aprendemos a esperar e, a confiar no trabalho, na
dedicação e na inteligência dos outros, além de praticamos solidariedade para
com o sofrimento alheio.
Nei Alberto Pies, professor e ativista de
direitos humanos (pies.neialberto@gmail.com)
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