Ciranda da chuva e
dos Saberes
Dia 06 de novembro
de 2014. Chovia na praça central de nossa cidade. Os livreiros, autores e
leitores faziam esforço enorme para não serem abalroados pela intensa chuva de
final de tarde. Os livros, sujeitos com vida preciosa e frágil, precisavam de
muitos cuidados para não molhar. Outros sujeitos, professores, fizeram um
grande esforço para estar na terceira Ciranda dos Saberes, uma obra do CMP
(Centro Municipal de Professores) de Passo Fundo. Chovia muito, por isso esta
foi uma Ciranda da Chuva.
O tema da Ciranda
era o Cuidado. A pergunta: Por que cuidar?
Sueli Frosi, uma
conhecida cirandeira, escritora e participante da Escola de Pais do Brasil há
51 anos, resolveu contar parte de sua história, acompanhado por seu querido
esposo Mingo. Uma história de uma mulher cuidadora que aprendeu, por
experiência, que ninguém cuida se não a pessoa inteira. Por isso, começou
dizendo; “crianças precisam, fundamentalmente, amor e segurança. Professores
que não são cuidados não conseguem cuidar de outros”.
Como boa
perguntadeira, disparou: “O que a sociedade tem para dar para a escola na
perspectiva do cuidado, da compaixão e da alteridade dos outros”?
Contou que
trabalhou, por muitos anos, no Comitê de Valorização da Família, um grupo de
apoio às escolas, organizado por entidades, Ministério Público e Judiciário.
Desta experiência, relatou a percepção sua de que os professores precisam ser
ajudados. Relatou como é importante pensar estratégias para a gente se
fortalecer e se ajudar. Lembrou, com provocação, que os pais são cidadãos e
precisam ser apoiados e amparados diante dos desafios imensos de educar seus
filhos hoje. Estão pedindo ajuda e reclamando compreensão deste mundo difícil e
complicado.
Cuidar, na sua
concepção, é respeito e consideração com o outro. Quem não cuida e não é
cuidado, desumaniza-se! Por outro lado, assumir toda a carga e responsabilidade
pelo cuidado, torna os professores doentes e desanimados.
Sua fala mais
provocadora e envolvente foi a de que “o professor não pode ser preconceituoso
e deve ter espírito aberto”. Muitos questionamentos vieram à tona. Como não ser
preconceituoso numa sociedade altamente preconceituosa? Não seria culpabilizar
o professor, não permitindo ao mesmo nenhuma forma de preconceito? Existem
professores preconceituosos? Como evitar os preconceitos da gente? Quem ainda é
uma referência de vida e de atitudes para os estudantes não pode ter nenhum
preconceito.
Nem todo debate e
troca de saberes gera respostas ou verdades, até porque elas não existem,
definitivamente. Por isso mesmo, o debate não esgotou, mas apontou a
importância da escola educar e ensinar, em tempos em que os estudantes passam
muito tempo na escola e menos tempo com seus pais ou familiares.
Fica sua profecia,
cirandeira Sueli Frosi: “a primeira vez, em nossa evolução de humanidade,
estamos aprendendo e nos relacionando com amor”. O amor e a compaixão são a
base do cuidado. Deixemo-nos envolver se quisermos nos humanizar.
Nei Alberto Pies,
professor e ativista de direitos humanos.
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