Impeachment:
coisa de homens!
Advertência:
mulheres me desafiaram a posicionar-me. Devo-lhes reconhecimento pelo desafio”.
(Nota do autor)
Impeachment
virou assunto nacional: no boteco, nas ruas, nas festas, em reuniões de
famílias. Contaminou todos os ambientes privados e públicos: escolas, empresas,
hospitais, repartições. Mas, definitivamente, não é assunto de mulher. Explico a
razão.
Em
que pese não existir nenhuma prova condenando Dilma ao impeachment, ela vem
sofrendo dia após dia ameaças à continuidade do mandato. O desenrolar deste
processo teria sido o mesmo se Dilma fosse homem? Certamente, Dilma sofre também
as consequências de ser mulher; por ser reconhecidamente uma grande guerreira,
por ser radicalmente contra a corrupção, por ser temida pelos políticos homens,
por causa de suas incansáveis lutas por justiça social, mais liberdade e
direitos das mulheres. Também por seu modo próprio e peculiar de ser, o que
exclui, sumariamente, a “paparicação dos homens”.
Não
fosse Presidente uma mulher, o Brasil não estaria paralisando sua economia e seu
dinamismo político por conta de uma “birra pessoal” de um deputado - de posições
notoriamente machistas - e que não conseguiu impor chantagem e troca de
interesses escusos, cuja finalidade única é livrar-se de possível cassação de
mandato de deputado e da perda da Presidência da Câmara dos Deputados. Dilma não
aceitou o jogo da chantagem pelo poder.
As
mulheres acreditam na justa medida como melhor forma de punir os responsáveis
pela corrupção e como forma de recuperar a credibilidade e o destino do país.
Com suas lutas e com firmeza de propósitos se constituem referências na
construção de um Brasil mais inclusivo e de uma sociedade melhor. Aliás, este é
verdadeiro impedimento que estão tentando colocar em curso.
O
Brasil não resolve a corrupção que grassa nossas instituições, poderes da
República, empresas e governos com o impeachment de Dilma. Este é o caminho para
não resolver nada e para deixar tudo como está. A corrupção revela-se endêmica,
sistemática e será enfrentada, de fato, quando os brasileiros encararem o
combate à corrupção como um dever cívico, mudando suas posturas passivas e
desafiando-se à vigilância e denúncia permanente e sistemática, em todas as
esferas em que ela possa ocorrer; também exigindo que as investigações possam
prosseguir e que todos os culpados e não apenas alguns sejam punidos com os
rigores de nossas leis. Também avançando em mecanismos de combate e controle,
aumentando a transparência da aplicação dos recursos e na preservação dos
interesses coletivos da
nação.
Dilma
é uma mulher de fibra e de coragem. Representa a força das mulheres brasileiras
que teimaram, arriscaram e determinaram que a política é espaço privilegiado
para elas atuarem e fazerem história. Muitas mulheres brasileiras já entenderam
a necessidade de manifestar-se contra o golpe do impeachment, pois este afronta
a democracia e as conquistas femininas conquistadas através de muita luta,
superação e vidas sacrificadas.
Creio
que o Brasil sairá deste embate político do impeachment pela força e bravura de
mulheres e homens que acreditam nos ideais da liberdade, da democracia, do
respeito às instituições, da verdade dos fatos.
Nei
Alberto Pies, professor, escritor e ativista de direitos
humanos.
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